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domingo, 17 de janeiro de 2016

Homem Aranha - O Perigo das Armaduras



                                                           Capítulo 3
Memórias de um herói arrependido

May Reilly Parker”, dizia a lápide sobre o solo. “Amada esposa e tia”, seu caixão fora enterrado ao lado de Tio Ben. “Um caixão vazio”, essa ideia fazia Peter chorar ainda mais. Ele observava ali ao lado, segurando um pequeno guarda-chuva aberto, mesmo já tendo passado a chuva. A primeira semana foi muito difícil para ele. Jessica e Rafael ouviam seu choro do quarto, pois deixaram que ficasse alojado em sua casa, até que arrumasse outro lugar. Na segunda semana, Peter sumiu por três dias. Quando voltou, disse que foi arrumar um velório digno para Tia May. Nesse momento apenas observava as lápides de Tio Bem e Tia May uma ao lado outra. As lágrimas irrigavam o solo.
- Me perdoe, Tia May. – ele disse se lembrando de tudo o que passou – Nunca fui muito sincero com a senhora. Por vezes eu sumia por dias, graças a missões especiais que o Homem Aranha me trazia. É, Tia May, eu sou o Homem Aranha. Escondi isso da senhora por toda a sua vida. Talvez já desconfiasse disso, mas eu nunca disse. Eu sou um idiota. Fui um idiota. “Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades”, não é mesmo Tio Ben? – olhou para o túmulo do tio – Pois é, eu segui essa sua frase. Vivi como o Homem Aranha e fui fiel à responsabilidade que me foi imposta. Salvei pessoas muitas pessoas, mas como sempre, não consegui salvar as pessoas que amava. O senhor, a senhora e Gwen. – Ela havia sido morta anos atrás numa empreitada contra o Duende Verde. A raiva não havia abandonado Peter em momento algum, na verdade, apenas cresceu. Lembrou-se de toda sua trajetória como Homem Aranha. A aranha o picando. Fazendo seu primeiro uniforme. O Clarim Diário e J.J Jameson com seu mau-humor incrível. As cantadas com Betty Brant. O dia em que conheceu Mary Jane. Tudo isso fez Parker ser quem ele era hoje.
- Eu te vingarei, Tia May – virou o corpo e andou em direção a saída do Cemitério. Pensou na destruição que a Mark VI causou no centro, destruindo dez quadras e matando todas aquelas pessoas. A morte delas pesava nas costas de Peter e vingança era tudo o que conseguia pensar. Pensou em M.J que estava longe de toda aquela tragédia, no Alasca. Ela ligou para Peter na noite passada e isso o ajudou um pouco. O que importava era que estava bem e voltaria daqui a duas semanas. Peter mandou que ficasse lá até tudo estar bem e isso iria demorar um pouco. M.J sentiu toda a tristeza dele, e até mesmo disse que o amava, mas, isso não adiantou de nada.
            O cenho se endureceu. Sabia o que precisava fazer, mas não admitiu que estivesse com medo das consequências de suas próximas ações. Ao chegar ao portão do cemitério, viu um latão de lixo. Levou a mão ao bolso do sobretudo marrom que vestia, puxando a máscara do Amigão da Vizinhança. Estava rasgada, com um buraco gigante no olho esquerdo. Ele a observou com desgosto.
            - Está na hora de evoluir. – seus olhos observavam os da máscara. – Se tenho grandes responsabilidades em meus ombros, está na hora de ser alguém “grande”. Você é fraco. – amassou a máscara e jogou dentro do latão, virou as costas e andou em direção a rua. – Eu serei forte.


A noite avançava em Nova York, e um indivíduo andava com seu sobretudo marrom e um peso de mergulhador na mão direita. Estava nas docas da cidade. Parou numa pequena ponte que ficava sobre o mar, tirou o sobretudo e jogou no chão, juntamente com o celular e a carteira. Puxou o ar e o prendeu quando pulou da ponte, segurando o peso com ambas as mãos. A água estava muito gelada quando Peter a sentiu. Seu objetivo era chegar ao fundo o mais rápido possível e retirar dali aquilo que não via á anos. Batia a perna rapidamente. O peso que estava em sua mão tocou o chão. Peter tirou uma pequena lanterna que estava em seu bolso. Lá estava. Aproximou a lanterna e viu o pequeno baú amarrado com dois pesos. Aqueles que você pega na academia. Estava trancado e ele não tinha a chave, só restando abrir na força. Foi o que ele fez. Esmurrou o cadeado várias vezes. Os ouvidos estavam estalando já, devido à pressão da água.
O cadeado cedeu e quebrou. Abriu o baú e retirou dali uma maleta. Largou o peso e deu um pequeno impulso para subir, batendo as pernas. Antes de chegar à superfície, viu uma luz muito forte. Uma mistura de azul, amarelo e rosa que se perpetuou por dez segundos.
O ar veio de volta aos seus pulmões quando colocou a cabeça para fora d’água. Tossiu um pouco e tentou tirar a água dos ouvidos. Olhou para ponte e lá estava alguém que Peter não esperava ver naquela noite, muito menos em noite alguma. O corpo estava parado ereto e imponente. Seu traje azul com os detalhes vermelhos de sempre, não eram comum, sendo feito de moléculas instáveis. Uma pequena “capa” ultraleve, que era utilizada para planar ao vento, pendia em suas costas. Em seu peitoral, a caveira aracnídea o observava. Estendeu a mão para Peter, que ainda estava na água encarando a figura, segurando seu braço e puxando-o para cima.
- Como vai, Peter? – o Homem Aranha de 2099 quebrou o silêncio. Sua voz era firme e atenta.
- Miguel. – respondeu o outro Aranha, agora em solo firme. – O que faz aqui?
- O futuro está uma droga. – ele não fez rodeio indo direto ao ponto.
- Eu sei. – Peter limpava a boca. Sentia um gosto misto de peixe e areia. – O Homem de Ferro está fora de controle.
- Não. – retrucou o Aranha do futuro. – No futuro, o descontrolado é você. Tudo isso graças a esta maleta que está carregando. – Peter abriu a maleta no mesmo momento. O uniforme negro simbionte o observava. Era o começo do fim.


Fim do Ato 1
Próximo Ato: A Guerra das Armaduras

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