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domingo, 31 de janeiro de 2016

Loucura e Contos de Fada


O homem corria pelos becos entre os prédios na hora mais avançada da noite. Sua roupa dizia muita coisa sobre si mesmo, pois, sem sombra de duvidas, estava utilizando uma camisa de força. Havia apenas um único manicômio na cidade, então era óbvio de onde estava fugindo. Sua respiração era forte, tentando puxar o ar de onde não vinha. Seus pulmões já estavam basicamente atrofiados de tanta força que fazia para respirar. Lágrimas quentes desciam em seu rosto, enquanto o coração se apertava cada vez mais, como se estivesse sendo enforcado por uma corda. A sensação era de pura agonia. As pernas tremiam mais do que qualquer coisa e seus olhos estavam completamente vermelhos, juntamente com as pálpebras extremamente cansadas, o que denota que não dormia há muito tempo. Talvez nem ele mesmo soubesse para onde estava indo, entretanto, aquilo era necessário.
Não se importava no que havia em sua frente, chutando sacos de lixo e derrubando caixas de papelão como se não fossem nada. O corpo se agitava freneticamente virando o abdome para ambos os lados várias e várias vezes. Olhava para trás de tempos em tempos, com medo de estar sendo seguido, mas toda vez que se virava para ver, não havia nada. Tudo estava apenas em sua cabeça, diziam os psiquiatras, que julgava serem mais loucos do que ele mesmo. Um tinha um chapéu colorido e ficava rindo sem parar, tomando sua xícara de chá e dizendo comemorar seu “desaniversário”. Toda a noite gritava, chorava e esperneava, dizendo ouvir a voz de um gato sorridente rindo de sua vida inútil dentro daquele lugar endiabrado.
Anos atrás, este mesmo homem passou por um incidente terrível, dizendo entrar por um buraco numa árvore e cair por muitos metros. Lá dentro daquele lugar maluco, conheceu criaturas das quais nem nos piores pesadelos iria encontrar.  Teve de tomar uma poção para encolher e depois outra para crescer. Matou dezenas de homens cartas e uma rainha cabeçuda e maluca, arrancando sua cabeça. Ao sair dali, ninguém acreditou nele, sendo internado no hospício de sua cidade e abandonado por sua família. Nada  trazia paz, nem conforto, pelo contrário, chafurdando cada vez mais no desespero infernal. Tentou se suicidar várias vezes, mas sempre era impedido. Não dormia mais, o que ocasionou problemas de visão fazendo-o sangrar várias vezes ao dia. A barba estava mais longa do que um cabelo feminino, mas isso não o incomodava.  
Súbito tropeçou em algo que parecia ser um guarda-chuva velho e quebrado. Perdeu o equilíbrio, escorregou pelo chão molhado, e como estava com uma camisa de força, não pode se apoiar para não bater a cabeça, que foi de encontro ao chão fazendo um enorme barulho no beco em que seguia. Um trovão ecoou no céu no céu ao mesmo tempo em que ele gemeu de dor. Tentando levar uma das mãos à cabeça para pausar o líquido quente que descia de sua testa. O gosto de sangue veio a sua boca.
- Bosta. – disse ele em um tom de desespero. Se fosse visto, seria confundido com um mendigo bêbado e insano. Agora não conseguia mais levantar. O cansaço e o medo se fundiram em um único sentimento fugaz, fazendo que relaxasse por apenas alguns segundos. Aquele chão estava extremamente sujo, cheio de restos de comida e, talvez, até mesmo dejetos de animais e ele cogitou a pequena possibilidade de dormir por alguns segundos. Fechou as pálpebras cansadas e deixou sua boca fazer um pequeno sorriso torto e ensanguentado.
Ha Ha Ha – uma voz ecoava pelo ar. Um guincho meio rouco e estranhamente familiar. Abriu os olhos assustado e sem reação por alguns segundos. Seu rosto empalideceu ao olhar para o lugar onde estava naquele momento. Flexionou o abdome sentando no chão e fazendo força com as pernas para se levantar. Reconheceu o lugar para onde fora levado em seu pequeno descanso no chão. Havia estado ali antes de ser considerado louco. Estava no alto de uma montanha com gramas verdejantes e podia ver o mundo ao seu redor. Pássaros estranhos voavam ao lado de serpentes. Crianças com cabeças de animais estavam passando por ali. Uma lagarta gigante estava fumando algo em cima de uma nuvem. O mar que estava ao longe estava repleto de peixes grandes com formas bizarras e grotescas.
Súbito o céu que estava azul se transformou em vermelho como sangue e as nuvens caíram do céu espalhando um líquido negro por todo o lugar. As criaturas bizarras fugiam de tudo, mas eram esmagadas pelas nuvens malditas esparramando liquido negro por seus corpos agora mortos. A grama secou rapidamente e assim como tudo ao seu redor, se transformou num grande inferno sem proporções. O homem acompanhava tudo e sabia aquilo que estava por vir. Sentiu uma presença atrás de si e virou no mesmo momento. Um facão atravessou seu umbigo abrindo um rombo gigantesco no abdome magro do louco, que grunhiu com voracidade de uma besta encurralada para o abate.
A dor era insuportável, mas a visão que estava em sua frente era ainda mais terrível do que qualquer coisa. Uma criança segurava a corda amarrada na ponta da faca. Seu sorriso era diabólico mostrando seus dentes afiados e seus olhos de cor vermelha, fazendo com que a alma do louco fosse arrastada para fossas abissais. Seu cabelo era loiro e comprido e usava um vestido azul e branco. Lágrimas negras desciam por sua face assustadora. As mãos estavam ensanguentadas. Ele reconhecia bem aquela figura e ao seu lado o maldito gato risonho, com seus olhos sempre amarelos e raivosos. Ele babava como nunca e estava pronto para sua refeição. A camisa de força branca, agora estava se transformando em escarlate.
          - Cheshire, pega. – ela puxou sua faca de volta arrancando outro grunhido do homem. Imediatamente o gato risonho e magro correu em sua direção enfiando suas garras no peitoral do homem que caiu. O banquete estava apenas iniciando. Cheshire começou a devorar seu rosto, arrancando seu nariz e lábio superior numa única bocada, enquanto dava gargalhadas. O sangue jorrava por todos os lugares assim como seus gritos ensurdecedores.

            Em seus últimos suspiros, o homem chegou à conclusão que não se deve adentrar em contos de fada. Eles podem te comer vivo.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Um Gato Preto no Banheiro



Um pequeno fato perturbava um pequeno menino, pois seu gatinho preto entrava no banheiro durante a noite e ficava lá dentro, observando com seus grandes olhos verdes, algo que estava dentro do Box Blindex, onde todos da casa se banhavam. Todas as noites, não importava se fazia calor ou se fazia frio, lá estava o gato encarando o Box. O menino tentou por vezes tirar o gato do local, entretanto, ele ficava violento e não queria sair dali de forma alguma dali, arranhando e mordendo o pequeno menino.
Uma vez, o pequeno menino entrou no Box e passou a noite dentro dele. O gato ainda continuava encarando, sem sentido algum. No outro dia, a única coisa que o pequeno rapaz descobriu é que nunca se deve dormir dentro do Box, afinal, você pode pegar um baita resfriado. Mas coragem vivia dentro daquele rapazinho, ou era apenas curiosidade.
Comprou uma pequena câmera filmadora para saber o que se passava dentro do banheiro quando ninguém olhava, tirando o gato, é claro. Quando a noite caiu sobre a pequena casa do pequeno menino, ele colocou a câmera atrás do vaso que dava de frente para o Box Blindex. O gatinho entrou no banheiro e o menino foi dormir ansioso e curioso para o que veria na gravação.
No dia seguinte, o pequeno garoto levantou cedo e correu para o banheiro. Ao chegar, viu que o pequeno gato estava morto. O pequeno menino, muito triste, colocou o pequeno gato em seu colo e concluiu o que ele via dentro do Box Blindex.

A curiosidade.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Homem Aranha - Guerra das Armaduras


Capítulo 4
Ataque

- Aqui é Tony Stark. Para aqueles que não me conhecem, sou o Homem de Ferro. Este anúncio está sendo transmitido em toda face da Terra. Smartphones, Tablets, Notebooks, Computadores, Televisões, Telas em Estádios de Futebol. Quero que saibam que o Homem de Ferro agora é dono de tudo que existe. Serei um governador mundial e ninguém, ninguém pode mudar este fato. – Tony Stark aparecia na pequena tela de quatorze polegadas da televisão em ótima resolução. A voz estava séria e soava com prepotência - Já passamos da época de democracias hipócritas e sem sentido. O mundo sofre por decisão de outrem. Isso não acontecerá mais. Aqueles que estiverem comigo serão considerados irmãos de causa e amigos. Os contrários à minha causa serão exterminados. Um novo mundo. Uma nova política. A partir de hoje, serei conhecido como Ditador de Ferro – a armadura começou a revestir o corpo do ex-herói. Uma camada preta e vermelha que não parecia ser feita de ferro. Quando acabou, uma nova armadura surgia. Seu formato era grotesco e disforme, bem diferente das outras, que eram simétricas e bem acabadas. Sua cor era preta com detalhes vermelhos no braço e no peitoral. – A nova era chegou. Aqui é Tony Stark, em transmissão para todo o planeta Terra.
A tela se apagou. O ar tinha cheiro de dúvida e medo em qualquer lugar do mundo. “Os contrários à minha causa serão exterminados”, todos pensaram nessa frase com pesar. O pânico iria se instalar em todos os lugares. Eles estavam reunidos na garagem do prédio de Jessica e Rafael, preparados para o combate. Ao menos achavam isso. Demolidor, Justiceiro, Punho de Ferro, Elektra, Nick Fury, Motoqueiro Fantasma, Maria Hill, Viúva Negra e Jessica Jones. Semanas atrás, Peter Parker havia pedido uma reunião com todos esses heróis. Muitos foram convocados, mas ao menos apareceram. Frank achou que poderiam estar mortos.
Pouco se sabia sobre os acontecimentos até agora. Tony enviou várias armaduras para acabar com todos eles individualmente. Contaram essa história uns aos outros enquanto estavam ali reunidos. Nick Fury estava com um braço enfaixado, afirmando que a Mark 30 o havia atacado. Outra armadura que Rafael não soube identificar o atacou antes de chegar naquele local, sendo destruída facilmente pelo fogo infernal do novo Motoqueiro.
Peter ainda não tinha chegado e isso deixou todos apreensivos. Olhavam uns para os outros buscando palavras para descrever tudo o que estavam passando. Não havia plano algum de contra atacar. Stark possuía muitas armaduras, mas eles estavam somente em nove pessoas, sem contar com Peter.
- Ele está demorando muito. – finalmente alguém resolveu falar e foi Rafael. – Algo deve ter acontecido.
            - Acho que Peter não se arriscaria tanto – Matt Murdock, o Demolidor, respondeu calmamente.
            - Pelo que sei, precisa de um novo traje. – Nick Fury respondeu saindo do canto onde estava encostado. – A SHIELD poderia providenciar isso, mas... – fez uma pequena pausa – Ela não existe mais.
            - A SHIELD servia apenas para colocar coleira em todos nós. – Frank Castle olhou de lado, tossindo um pouco – Prefiro que não exista mesmo.
            - Olhe quem está falando. – Hill se aproximou do Justiceiro – Um assassino sem miolos. Poupe-me de suas besteiras, Castle.
            - Assassino sem miolos? – respondeu Frank dando de ombros– Uma mulherzinha bajuladora está entre nós e eu não havia percebido.
            - Como é? – ela puxou a arma da cintura e ia apontar para ele, entretanto, Fury entrou na frente dela.
            - Vamos manter a cabeça fria, Hill. Temos problemas maiores para cuidar agora. – olhou para Frank Castle com desgosto – Maiores do que um assassino sem miolos.
            - Para que precisamos desses caras? – Castle virou os olhos dando de ombros novamente.
            - Vocês precisam da SHIELD, e eu sugiro que... – Fury foi interrompido.
            - A SHIELD acabou – Rafael agora se aproximava deles segurando sua corrente, já em chamas – Aceite isso e cale a merda boca.
            - Se acalme, esquentado. – uma voz conhecida falou sem ser convidada. Todos olharam na direção da porta aberta. Peter havia retornado – Agora vamos todos ouvir...
            - Quem é esse sujeito com você? – Elektra o interrompeu assumindo uma posição de batalha. Seu uniforme vermelho sempre fora atraente para Parker. Matt Murdock a conhecia muito bem. Os dois tiveram um relacionamento bem conturbado no passado.
            - Desculpem por aparecer assim, nesse momento crítico. – Miguel entrou no local – Me chamo Miguel O’hara, e sou...
            - O Homem Aranha de 2099 – Maria Hill terminou a frase.
            - Isso mesmo – Ele a observou por entre sua máscara azul – E você deve ser Maria Hill. Preciso lhe pedir perdão.
            - Pelo o quê? – empertigou-se Hill.
            - Namorei sua neta e não deu muito certo. Descobri que era uma chefe da Máfia em Hell’s Kitchen. Acabou sendo morta pelo filho do antigo Rei do Crime. – esse fato foi inesperado até para o escritor. Acredite, foi mesmo.
            - Isso é... Tudo bem, eu acho. – ficou confusa e se calou.
            - Podemos nos concentrar aqui? – Peter interrompeu os dois. Seu tom era agressivo e Miguel sabia a causa daquilo.
            - Você viu o comunicado do novo “Ditador de Ferro” – Matt Murdock estava sentado no chão, olhando para Peter.
            - Sim, eu vi, mas acredito que podemos vencê-lo juntos. – Peter olhou para trás vendo Miguel de braços cruzados – Escutem o que Miguel tem a dizer. Ele possui uma mensagem do futuro para nós.
            - Normalmente, eu não devia falar sobre assuntos que ainda não aconteceram. Poderia ocasionar um pequeno...
            - Colapso no tempo – Natasha Romanov o interrompeu, não agradando muito ao Aranha do futuro – Poderia criar um paradoxo no tempo. Criar uma segunda realidade.
            - Exatamente, entretanto o problema no futuro não é Tony Stark e sim... – tudo parecia conspirar contra a narrativa do Homem Aranha do futuro, pois naquele momento tudo aconteceu rapidamente.
            Houve uma pequena explosão, lançando os heróis em cantos separados da garagem. Ambos se chocaram contra paredes, menos Rafael, se transformando imediatamente no Motoqueiro Fantasma. As chamas surgiram em sua cabeça, que agora era uma caveira. A corrente se desprendeu de seu corpo se preparando para o ataque. Peter tentou agir rápido, tirando o traje negro de dentro da maleta, que ao simples toque, se ajustou em seu corpo, como um piche sendo derramado. O simbionte, outrora chamado de Venom, agora não passava de um traje negro, vestido pelo amigão da vizinhança. Ele se levantou e não sentiu nenhuma dor física. Sentia uma força que nunca teve antes e isso o fez sorrir.
            Olhou para cima e pode ver o céu repleto de armaduras do Homem de Ferro apontando seus braços para atirar em todos. Natasha saiu dos escombros ao lado de Nick Fury e começou a atirar nas armaduras que recebiam as balas sem nenhum dano grave. Punho de Ferro pulou encontrando uma armadura em sua frente, golpeando-a com socos fortíssimos. Matt tentava ajudar Elektra a sair de um escombro. Maria Hill estava desacordada no chão sendo protegida pelo Justiceiro. O motoqueiro se colocou ao lado de Peter.
            Uma moto do tipo Harley Davidson apareceu magicamente ao lado dele, que a segurou arremessando com força brutal nas armaduras acima. Ela acertou quatro de uma única vez, fazendo com que o motoqueiro gargalhasse diabolicamente. Peter entrou na luta também saltando para fora da garagem junto com Miguel. Logo se arrependeria disso, pois a Mark 34 desceu em velocidade mirando em Elektra. Atirou. Peter olhou para trás e viu o peitoral do demolidor com um buraco gigantesco. Ele cuspiu sangue desabando no chão.

            - Não! – o grito de Peter ecoou por todo o lugar. Precisariam de reforços, mas ninguém viria os ajudar. Ele pensou nos X-Men e em Logan, onde quer que estejam. 

domingo, 17 de janeiro de 2016

Homem Aranha - O Perigo das Armaduras



                                                           Capítulo 3
Memórias de um herói arrependido

May Reilly Parker”, dizia a lápide sobre o solo. “Amada esposa e tia”, seu caixão fora enterrado ao lado de Tio Ben. “Um caixão vazio”, essa ideia fazia Peter chorar ainda mais. Ele observava ali ao lado, segurando um pequeno guarda-chuva aberto, mesmo já tendo passado a chuva. A primeira semana foi muito difícil para ele. Jessica e Rafael ouviam seu choro do quarto, pois deixaram que ficasse alojado em sua casa, até que arrumasse outro lugar. Na segunda semana, Peter sumiu por três dias. Quando voltou, disse que foi arrumar um velório digno para Tia May. Nesse momento apenas observava as lápides de Tio Bem e Tia May uma ao lado outra. As lágrimas irrigavam o solo.
- Me perdoe, Tia May. – ele disse se lembrando de tudo o que passou – Nunca fui muito sincero com a senhora. Por vezes eu sumia por dias, graças a missões especiais que o Homem Aranha me trazia. É, Tia May, eu sou o Homem Aranha. Escondi isso da senhora por toda a sua vida. Talvez já desconfiasse disso, mas eu nunca disse. Eu sou um idiota. Fui um idiota. “Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades”, não é mesmo Tio Ben? – olhou para o túmulo do tio – Pois é, eu segui essa sua frase. Vivi como o Homem Aranha e fui fiel à responsabilidade que me foi imposta. Salvei pessoas muitas pessoas, mas como sempre, não consegui salvar as pessoas que amava. O senhor, a senhora e Gwen. – Ela havia sido morta anos atrás numa empreitada contra o Duende Verde. A raiva não havia abandonado Peter em momento algum, na verdade, apenas cresceu. Lembrou-se de toda sua trajetória como Homem Aranha. A aranha o picando. Fazendo seu primeiro uniforme. O Clarim Diário e J.J Jameson com seu mau-humor incrível. As cantadas com Betty Brant. O dia em que conheceu Mary Jane. Tudo isso fez Parker ser quem ele era hoje.
- Eu te vingarei, Tia May – virou o corpo e andou em direção a saída do Cemitério. Pensou na destruição que a Mark VI causou no centro, destruindo dez quadras e matando todas aquelas pessoas. A morte delas pesava nas costas de Peter e vingança era tudo o que conseguia pensar. Pensou em M.J que estava longe de toda aquela tragédia, no Alasca. Ela ligou para Peter na noite passada e isso o ajudou um pouco. O que importava era que estava bem e voltaria daqui a duas semanas. Peter mandou que ficasse lá até tudo estar bem e isso iria demorar um pouco. M.J sentiu toda a tristeza dele, e até mesmo disse que o amava, mas, isso não adiantou de nada.
            O cenho se endureceu. Sabia o que precisava fazer, mas não admitiu que estivesse com medo das consequências de suas próximas ações. Ao chegar ao portão do cemitério, viu um latão de lixo. Levou a mão ao bolso do sobretudo marrom que vestia, puxando a máscara do Amigão da Vizinhança. Estava rasgada, com um buraco gigante no olho esquerdo. Ele a observou com desgosto.
            - Está na hora de evoluir. – seus olhos observavam os da máscara. – Se tenho grandes responsabilidades em meus ombros, está na hora de ser alguém “grande”. Você é fraco. – amassou a máscara e jogou dentro do latão, virou as costas e andou em direção a rua. – Eu serei forte.


A noite avançava em Nova York, e um indivíduo andava com seu sobretudo marrom e um peso de mergulhador na mão direita. Estava nas docas da cidade. Parou numa pequena ponte que ficava sobre o mar, tirou o sobretudo e jogou no chão, juntamente com o celular e a carteira. Puxou o ar e o prendeu quando pulou da ponte, segurando o peso com ambas as mãos. A água estava muito gelada quando Peter a sentiu. Seu objetivo era chegar ao fundo o mais rápido possível e retirar dali aquilo que não via á anos. Batia a perna rapidamente. O peso que estava em sua mão tocou o chão. Peter tirou uma pequena lanterna que estava em seu bolso. Lá estava. Aproximou a lanterna e viu o pequeno baú amarrado com dois pesos. Aqueles que você pega na academia. Estava trancado e ele não tinha a chave, só restando abrir na força. Foi o que ele fez. Esmurrou o cadeado várias vezes. Os ouvidos estavam estalando já, devido à pressão da água.
O cadeado cedeu e quebrou. Abriu o baú e retirou dali uma maleta. Largou o peso e deu um pequeno impulso para subir, batendo as pernas. Antes de chegar à superfície, viu uma luz muito forte. Uma mistura de azul, amarelo e rosa que se perpetuou por dez segundos.
O ar veio de volta aos seus pulmões quando colocou a cabeça para fora d’água. Tossiu um pouco e tentou tirar a água dos ouvidos. Olhou para ponte e lá estava alguém que Peter não esperava ver naquela noite, muito menos em noite alguma. O corpo estava parado ereto e imponente. Seu traje azul com os detalhes vermelhos de sempre, não eram comum, sendo feito de moléculas instáveis. Uma pequena “capa” ultraleve, que era utilizada para planar ao vento, pendia em suas costas. Em seu peitoral, a caveira aracnídea o observava. Estendeu a mão para Peter, que ainda estava na água encarando a figura, segurando seu braço e puxando-o para cima.
- Como vai, Peter? – o Homem Aranha de 2099 quebrou o silêncio. Sua voz era firme e atenta.
- Miguel. – respondeu o outro Aranha, agora em solo firme. – O que faz aqui?
- O futuro está uma droga. – ele não fez rodeio indo direto ao ponto.
- Eu sei. – Peter limpava a boca. Sentia um gosto misto de peixe e areia. – O Homem de Ferro está fora de controle.
- Não. – retrucou o Aranha do futuro. – No futuro, o descontrolado é você. Tudo isso graças a esta maleta que está carregando. – Peter abriu a maleta no mesmo momento. O uniforme negro simbionte o observava. Era o começo do fim.


Fim do Ato 1
Próximo Ato: A Guerra das Armaduras

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

A Rodoviária



Capítulo 2
A chuva batia na janela. Rafael apenas observava sem curiosidade para a estrada com as pálpebras relaxadas. Finalmente conseguiu relaxar, mesmo assim, não queria dormir. A preocupação com a bolsa era maior do que qualquer sono e seus braços a apertavam contra o peito. O ônibus estava subindo a serra de São Paulo em velocidade reduzida, graças à chuva. Diversos letreiros na estrada pediam a diminuição da velocidade, além da cautela. Virou a cabeça para o lado e observou a calmaria que estava dentro do ônibus. A mulher já havia parado de falar no telefone e provavelmente havia adormecido. Algumas luzes particulares das poltronas estavam ligadas no ônibus, e ele pensou que as pessoas deveriam estar lendo ou algo do tipo. Virou levemente a cabeça para trás e percebeu que havia uma luz ligada atrás dele. Isso o incomodou um pouco. Era realmente uma mulher. Ruiva e muito branca, estava lendo um livro clássico. “A República – Platão”, murmurou ele.
Virou para frente e fez um muxoxo. Será que ela estava de olho em sua bolsa? – o pensamento o fez estremecer e ficar mais atento. Mas isso não durou muito, logo concluindo que a mulher não era suspeita, nem ao menos parecia querer roubar o conteúdo de sua bolsa. Ele decidiu fechar seus olhos por apenas alguns instantes.  Algumas cenas da última noite estavam muito presente em sua mente, gritos que talvez nunca fosse esquecer.
Uma mulher corria de algo que não conseguia identificar. Arfava muito e estava quase ficando sem ar. Ela corria para escuridão como buscasse segurança. Um disparo. Ela caiu. A bala acertou em sua coxa direita. Agonizava segurando a perna. Um segundo sujeito apareceu em cena. Segurava uma pistola calibre trinta e dois. Mancou calmamente até ela. Ergueu a arma e disparou sem misericórdia.
Rafael despertou do sonho. Suava muito e seu coração estava acelerado como se tivesse corrido uma maratona inteira. A bolsa ainda estava em seu colo. Olhou pela janela novamente. O ônibus estava parado e uma névoa fria pairava lá fora. Não conseguia ver basicamente nada, mesmo forçando sua vista.
Algo se movimentava ao lado de sua poltrona. Súbito virou a cabeça para enxergar a criança que se balançava freneticamente. As luzes individuais das outras poltronas estavam apagadas e quase não conseguia ver o rosto dela. Algo não estava certo, a criança se movimentava de forma grotesca, flexionando a coluna para frente e jogando para trás estalando todos os ossos numa sinfonia macabra. Sua pequena cabeça estava virada para o corredor.
- Garota? – perguntou ele quebrando o silêncio do ônibus – O que faz aqui? - A menina não respondeu nada. O silêncio era de gelar a alma. Elevou um pouco a voz. – Você sabe falar, não sabe? – nenhuma resposta. Perdeu a pouca paciência que lhe restava. Levou uma mão ao ombro da criança e segurou com força.
- Escuta aqui, sua pirral... – a voz não saiu. Não era possível o que via. A cabeça da criança virou para trás mesmo seu tronco estando para frente. O som de ossos se partindo ressoou por todo o ônibus. Seus globos oculares eram negros como a pior escuridão do pior dos pesadelos. O rosto totalmente deformado. Ela o observava com um sorriso maléfico e um líquido preto descia de sua bocarra cheia de dentes. O cheiro de putrefação entrou nas narinas dele sem ao menos ser convidado, fazendo que voltasse toda a comida que ainda tinha no estômago. Vomitou sobre a bolsa e as costas da garota. Rafael sentiu a calça molhar. Ela gargalhou diabolicamente.
- Você vai queimar Rafael. – a voz era um guincho fino, como se mil pássaros fossem esmagados ao mesmo tempo. – Arder, torrar, agoniar, por todos seus pecados. - Um pequeno facho de luz surgiu no início do ônibus. Começaram gritos de tormenta por todo o ônibus. O clima de gelado se tornou quente como se fosse uma grande fornalha. O ônibus pegava fogo e a garota gargalhava cada vez mais. Ela virou seu tronco, se aproximou e fez um pequeno corte com a unha no pulso esquerdo dele.
Gritos, gargalhadas e chamas...
Ao longe, ouviu a voz de uma mulher.
- Senhor? – ela segurava seu pulso com força. – Acorde! Está tudo bem? – ele estava de olhos abertos e tremia mais do que bambu ao vento. Despertou do transe.
- O que... O que aconteceu? – a voz falhava e estava rouca. – Cadê a garota?
- Garota? – a ruiva o observava. Usava uma camisa gola v branca Os cachos de seu cabelo foram muito bem penteados. Havia uma jaqueta amarrada em sua cintura. Ela estava ao lado dele parada e em pé. Seu tronco estava inclinado para perto dele, mostrando um pouco de seu decote. Ele olhou disfarçadamente para os seios dela.
- Nós... estamos parados? – perguntou desviando os olhos do decote provocativo. Secando o suor de seu rosto com o antebraço esquerdo. A bolsa estava molhada de seu suor. Sentiu nojo de si mesmo.
- Estamos na rodoviária “Clube dos seiscentos”. Faz quase dez minutos que chegamos – afastou-se dele e começou a andar em direção a saída. – Olha, eu preciso ir ao banheiro. Você me acompanha?
- Até o banheiro feminino? – ele confessou a si mesmo que o decote deixou-o um pouco excitado.
- Sim, não até lá dentro. A não ser que você seja uma menina. – esboçou um sorriso simpático. – E então, você vem?
- Ah... - Olhou para própria camisa ensopada de suor. – Acho que preciso muito ir. – agarrou a bolsa, levantou e foi em direção ao corredor. Tudo aquilo tinha sido muito real para ele. A dor em seu pulso o alertava disso. “Foi apenas um sonho”, pensou. Mas o corte em seu pulso ainda estava lá. A marca era real.
A marca da besta.


Nilson, o motorista, enxugava o rosto com uma toalhinha que carregava em seu bolso. Acabava de lavar seu sonolento rosto. O sono preocupava o motorista novato. Havia apenas dois meses que ele tinha esse novo emprego, e já tinha um acidente nas costas. Possuía uma fragilidade ao sono, então precisava lavar várias vezes o rosto e tomar muito café. Deu pequenos tapas na cara e olhou no espelho. Puxou um pequeno pente e começou a pentear os poucos fios capilares que lhe restavam. As luzes do banheiro piscaram várias vezes, se apagando no mesmo instante que alguém entrou no lugar. A porta se fechou e Nilson ouviu a tranca do banheiro se fechar.
- Olá? – disse ele num esforço para conter o medo. Sabemos que não importa a idade, todo ser humano tem medo daquilo que não pode ver, e a escuridão só contribuía com isso. O coração acelerou. – Tem alguém aí? Algo rastejava devagar para perto dele. Segurou seu pé com força fazendo o gritar, mas era tarde demais para isso.

Gritos na escuridão e o som de carne sendo fatiada. 

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Homem Aranha - O Perigo das Armaduras


Capítulo 2
Homem contra máquina


Tudo aconteceu muito rápido para Peter. O sentido aranha o ajudou a se esquivar de forma majestosa, girando o tronco para a esquerda em milésimos de segundo, sentido a energia passar queimando tudo pela frente.
- Que merda é essa, Tony? – ele se recompôs levando uma mão até o peito, onde a energia passou raspando. – Que pensa que está fazendo?
- Te matando. – a armadura vermelha prateada estendeu os braços para frente ao mesmo tempo e os propulsores de ambas as mãos se acenderam preparando um novo tiro, mas dessa vez, seria mais forte. Peter foi mais rápido, lançando duas teias passando pela lateral do corpo metálico da Mark 5 e grudando na estante, onde estava a nova televisão de cinquenta e uma polegadas. Ah, ele vai pagar uma nova, pensou ele. Puxou as teias com força jogando a estante contra as costas da Armadura, que cambaleou e caiu sobre um joelho. As duas mãos que outrora apontavam para Peter, agora estavam no chão que dispararam arremessando Peter de volta para cozinha, quebrando todo o chão da sala.
Zonzo, conseguiu se levantar com muito esforço, avistando a máscara que estava logo ao seu lado, colocando-a no rosto. Ele precisaria de um lugar mais aberto se ao menos quisesse enfrentar o Invencível Homem de Ferro. Correu e pulou pela janela, estilhaçando o vidro e caindo sobre o outro prédio, se agarrando na parede. Agradeceu a si mesmo por comprar aquele apartamento no décimo andar. Sentiu a brisa noturna bater em seu rosto, isso o confortou por apenas por alguns míseros segundos. Virou o rosto para trás a tempo de ver seu apartamento explodir.
- Heeeey – gritou ele – Você vai pagar por esse apartamento, depois que eu te der uma surra daquelas que levava da mamãe. – M.J o mataria por tudo aquilo.
O Homem de Ferro alçou voo atrás dele, sem nenhum dano sofrido, mas, a máscara de Peter já estava em péssimas condições, deixando amostra seu olho esquerdo. Tony foi mais rápido que ele. Acionou o turbo de suas botas propulsoras e interceptou Peter, que pulava para soltar sua teia em outro prédio. Dessa vez, não foi o raio de fótons de sua mão que o acertou, mas sim, um tremendo soco cruzado na têmpora do Aranha, que perdeu o controle de seu corpo sendo arremessado novamente, só que agora, para baixo. Ele caiu rápido em direção ao solo, e quando abriu o olho já inchado, viu uma luz azul descer sobre si, acertando seu abdome e queimando boa parte do uniforme. Peter gritou. A dor era terrível e iria piorar. Para recepcioná-lo no chão, um carro preto estava parado na rua. O impacto fez um tremendo barulho na rua toda. As costas de Peter agora pendiam no teto do carro, que afundou, quebrando todos os vidros e estourando os pneus. Se fosse um humano comum, já teria batido as botas, mas aquele era o Espetacular Homem Aranha.
Mordeu o lábio inferior, descendo gotículas de sangue. Deitado ali deixou a raiva tomar conta de si. Abriu os olhos e viu a Mark 5 descendo rapidamente em modo de ataque. Peter apoiou os braços doloridos para trás e jogou seu corpo rolando sobre o ombro, em seguida saltou, escapando por pouco das pernas de ferro da Armadura, que desceram com força sobre o carro, que explodiu em seguida. Alguns civis viam a cena de longe e outros corriam de tudo aquilo. O Aranha pisou sobre a calçada.
A explosão não conseguiu deter Tony, que agora saía das chamas andando calmamente. Peter acharia a cena incrível, se aquilo fosse apenas um filme do Michael Bay, cheio de explosões e robôs gigantes. Olhou para o lado direito e viu a tampa de um bueiro meio aberta no meio da rua, e ao seu lado, um hidrante. Lançou uma teia na tampa e a puxou trazendo até seu corpo. Segurou-a como se fosse um escudo.
- Aquele bandeiroso poderia estar aqui agora. – Ele se referia a Steve Rogers, conhecido como Capitão América e líder dos Vingadores, mas, Peter se lembrou que estava em uma missão no espaço.
Como se jogasse um mero frisbee, arremessou a tampa na armadura de Tony, que apenas se defendeu calmamente, colocando os antebraços em frente ao tronco e cabeça. A tampa bateu em seu antebraço de ferro e caiu no chão. Baixou os braços e foi atingido na cabeça por uma segunda coisa que fora arremessada. Uma forma vermelha metálica e pesada. Um hidrante. Cambaleou para trás e caiu de costas no chão com o capacete amassado. Agora era a chance que Peter queria. Saltou no ar e desceu com as pernas estendidas no peitoral de Tony. Agachou e esmurrou várias vezes o capacete prateado. Um, dois, três e por aí foi. A armadura já havia parado de se mexer, e agora o capacete estava ainda mais amassado do que nunca. Levou as mãos para o pescoço do Homem de Ferro e puxou o capacete para fora. Queria olhar no rosto do homem que destruiu sua nova televisão de cinquenta e uma polegadas, entretanto, não havia nada dentro da armadura, que estava sendo teleguiada de longe.
De fato, era possível para Tony controlar armaduras de longe, mas era algo que ele não fazia há muito tempo, desde o evento em Stamford. Um beep chamou atenção de Peter, pois vinha de dentro do capacete. Ele o aproximou de seu ouvido e notou do que se tratava. Levantando-se, correu para longe da armadura o mais rápido que suas pernas doloridas o permitiam. Saltou e lançou suas teias nos prédios para fugir da tragédia eminente. Aquilo seria pior que Stamford.
A Mark 5, armadura de batalha de Tony Stark, explodiu, emitindo ondas e mais ondas de fogo e destruição. Três prédios ao seu redor caíram numa fúria sem controle. Mas não parava por aí. Logo a quadra inteira já estava sucumbindo ao caos emitido pela bomba. Peter se balançava pelas teias o mais rápido possível, mas não foi o suficiente. Uma onda da explosão acertou em suas costas o jogando longe. Ele voou quase desmaiando pelos ares. Bateu a cabeça com muita força em um dos prédios que estava em sua frente, e não soube identificar qual. Ele caiu.
O gosto de sangue se apoderou de sua boca e a vista escureceu.


Mary Jane corria de uma explosão no Alasca. Árvores e mais árvores surgiam em sua frente. Dezenas de armaduras de Tony Stark sobrevoavam a área, matando várias pessoas que tentavam fugir pela floresta. Mas, a arma mais letal apareceu em sua frente, fazendo-a frear e chorar de medo. Mark 44 ou Hulk Buster arrancava as árvores livrando seu caminho. Era o fim de tudo.


Levemente abriu o olho direito, não sabia o porquê, mas o outro estava com algo o cobrindo. Identificou uma pequena televisão em sua frente. Olhou para seu corpo e viu que estava completamente enfaixado. O coração estava acelerado graças ao sonho com M.J. Peter agradeceu a Deus por ser apenas um sonho. Alguém se mexeu ao seu lado, era uma criança e ele sabia quem era. A menina o observava com cuidado, estava com um vestido azul ciano e descalça. A pele era morena, igual ao pai. Peter sentia falta daquele brutamonte.
- Mamãe – disse Melorie, a filha de Luke Cage, elevando o tom de voz – Tio Peter acordou.
Um homem alto, usando apenas uma bermuda apareceu seguido por uma mulher um pouco mais baixa e muito forte. Ele é Rafael Duarte, o brasileiro que trabalha no posto de gasolina do outro lado da cidade, e nas horas vagas, julga criminosos com seu olhar da penitência. O novo Motoqueiro Fantasma. Após a morte de Johnny Blaze, o demônio Zarathos escolheu esse homem como novo hospedeiro. A mulher já foi esposa de Luke Cage e agora morava com Rafael. Jessica Jones, outrora conhecida como “A Paladina”, estava em sua frente vestindo apenas uma camiseta branca e um short jeans curto. O casal de heróis se aproximou de Peter.
- Como se sente Peter? – disse o motoqueiro se aproximando ainda mais dele.
- Estou péssimo. – colocou uma mão na cabeça, estava dolorida. – O que aconteceu? Por quanto tempo estou assim.
- Está assim há dois dias. – dessa vez quem respondeu foi Jessica. Havia algo estranho em sua voz. Ela levou uma mecha de seu cabelo castanho para trás. – Peter, algo muito ruim aconteceu.
- Acho que estou pronto para ouvir. – mentiu.
- A armadura do Tony – Rafael pausou. Sua voz soava com pesar. – A explosão matou mais de mil pessoas, ferindo gravemente quarenta e quatro. Mas isso não é tudo... – olhou para Jessica.
- Peter – ela prosseguiu. – sua tia...
- O que tem ela? – se levantou num pulo, ignorando os membros feridos que gritavam de dor.
- Ela... Sinto muito, Peter. Ela faleceu. – Jessica olhou para baixo. – Ao que parece, ela estava indo te visitar no centro. A explosão... ela não resistiu. Oh, Peter... eu sinto tanto.
O Espetacular Homem Aranha agora era um homem destruído. Tudo aquilo que ele mais amava, estava morto. Caiu de joelhos, levou as palma das mãos até o rosto e gritou com toda a força que lhe restava. Lágrimas quentes desciam de seu rosto. Ninguém disse nada. Uma pausa se fez naquela sala. Ninguém ousou dizer nada. Uma chama de ira se acendeu no corpo Peter. Ele se levantou limpando o rosto. O cenho estava endurecido.

- Reúnam os Defensores, os X-MEN e todos aqueles que chamam a si mesmos de heróis. – seu olhar era puro ódio. – Estamos em guerra.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Homem Aranha - O Perigo das Armaduras



Capítulo 1
O Aviso

O amigão da vizinhança se balançava pelas teias por entre os prédios de Nova York. O uniforme estava totalmente ensopado e rasgado depois de uma batalha daquelas. Os membros inferiores doíam mais que tudo, sendo que o posterior da coxa direita estava quase azul de tão roxo. Havia acabado de resolver um problema com a gangue de goblins verdes no Central Park, e agora só precisava descansar. Chegou até a pensar em excluir seu Goblin nível 20 do World of Warcraft, mas não faria isso. Peter só queria férias, seu corpo pedia por isso, mas um herói nunca descansa muito menos o amigão da vizinhança.
Faltando apenas quatro quadras para chegar em seu humilde apartamento, sentiu o sentido aranha aguçar. Girou o corpo e saltou o mais alto que pode, desviando de uma bala que passou raspando em seu abdome. Ele grunhiu. Soltou a teia e jogou outra na lateral do prédio de onde veio a bala. Pulou sobre o terraço e mancou um pouco quando pisou sobre ele. O atirador o esperava calmamente.
O homem estava parado limpando a pistola que usou para atirar no teioso. Estava com uma camiseta preta, uma calça jeans com vários apetrechos para armas ao seu redor. Usava duas botinas pretas sujas de lama. A caveira o olhava silenciosa em seu peito musculoso. O homem tinha um rosto endurecido pela vida. Cenho franzido e barba irregular.
- Sabe. – começou o aranha. – Existem tantas formas de chamar minha atenção. Gritando, chamando meu nome, soltando uns fogos de artifício, mostrando as tetinhas... Por que justamente usa da maneira mais agressiva? – sentou em uma cadeira de praia que estava sobre o terraço.
- Tetinhas? – assoprou o cano da arma. – Não me lembrava desse seu vocabulário sujo. Deve estar andando muito com aquele mercenário que se veste como você. Não vou mostrar nenhuma tetinha. Só vim lhe dar um aviso...
- Então diga logo. – interrompeu já perdendo a paciência, sua perna estava lhe matando. – Estou muito ocupado indo para minha casa dormir.
- Fique longe de Tony Stark. – Frank Castle era muito conhecido por sua sinceridade, mas dessa vez, conseguiu surpreender Peter.
- Cumé que é raivoso? – levantou o braço e coçou a axila direita.
- Você me ouviu, Peter. Algo está errado com ele. Está agindo de forma estranha.
- Fala como se eu pudesse fazer algo. – Parker não tinha intenção alguma em prestar atenção na ladainha conspiratória do Justiceiro. – Me diga um pouco mais de detalhes e depois vou embora.
- Sua noite de sono pode esperar. – levou uma mão ao bolso traseiro e puxou um tablet preto – Consegui hackear algumas coordenadas secretas de onde o Tony esteve nas últimas semanas.
- E por que não entrou em contato com os vingadores?  Sabe quem são? Aqueles heróis mais fortes da Ter...
- Não tenho tempo para suas tolices, Parker. Observe essas fotos. – Ele se aproximou de Peter e mostrou a primeira foto. Stark estava num laboratório estranho, mexendo em um míssil. – Ao que parece, Tony Stark está desaparecido dos Estados Unidos. Nessa foto, ele aparece na Coréia do Norte. Você já viu um americano legitimo entrar na Coréia do Norte para mexer em mísseis? – passou o dedo sobre o tablet e outra foto apareceu, mostrando Stark entrando no segundo maior laboratório militar do mundo, na Coréia do Sul. – Não vou julgar ninguém, mas parece que ele está querendo jogar uma Coréia contra a outra.
- Estranho. – Peter só conseguiu dizer isso.
- Fique de olhos abertos. – guardou o tablet no bolso novamente – Nunca confiei nesse sujeito, muito menos agora.
Dessa vez, o amigão da vizinhança se calou. Ele se lembrou dos últimos acontecimentos em Stanford, quando Tony Stark perdeu o controle de sua armadura Hulk Buster, que destruiu parte da cidade e matou Luke Cage. Desde então, o “armadura vermelha” havia se isolado em algum lugar.
- Olha Frank, eu... – ele se interrompeu, pois o Justiceiro não estava mais lá. – O Homem Aranha falando sozinho. Que original. – pulou do prédio e jogou sua teia. Agora estava indo para casa.

A rua estava calma e sem muitas pessoas nela, fazia muito frio em Nova York. Peter não gostava muito disso, preferia o calor. Mesmo estando morto de cansaço, resolveu passar na pizzaria Pao’lo que ficava na sua esquina. O dono, Sr. Allioni, adorava o aranha. Sempre gostava de tirar fotos e contar suas histórias de quando morava na Itália. Dessa vez, Peter estava muito cansado, e isso o impediu de ficar muito tempo para ouvir histórias.
Esgueirou-se até a janela da cozinha e a abriu. Mary Jane não estava em casa, viajou para o Alasca a trabalho. Sua profissão como modelo orgulhava Peter, que por vezes, se gabava de ter uma esposa modelo. Pisou no chão da cozinha e percebeu que estava com as botas de seu uniforme sujas. Isso não o incomodou muito, mas M.J ficaria nervosa por sujar sua casa. Resolveu tirar as botas, sentindo o chão frio. Acendeu a luz da cozinha e depositou a caixa que carregava a pizza, sobre a mesa de apenas dois lugares. Peter não pensava em filhos. Só pensava em combater o crime, no Clarim Diário e em M.J. Tirou a mascara e jogou no chão. Pegou uma pizza, que já estava cortada e colocou na boca.
Ao entrar na sala, viu algo muito diferente parado no meio dela. Uma forma humanóide, alta e totalmente recoberta de metal. Os olhos da armadura se acenderam, juntamente com a luz em seu peito. Um círculo metálico que Peter conhecia bem o que era. Deixou o pedaço de pizza cair no chão. O sentido aranha vibrou forte em sua mente, pois nada estava certo ali. Apalpou com sua mão esquerda a parede e achou o interruptor, ligando-o. O Homem de Ferro estava em sua frente. Sua armadura não era a de costume, sendo escarlate, com o peitoral prateado, fugindo do amarelo de costume. A Mark 5e stava totalmente armada para o combate.
Peter entrou em guarda.
- Homem Aranha – disse a armadura, com sua voz robótica. – Preciso te pedir um favor.
- O que você quer Homem de Lata? – estava sem máscara e isso o preocupou.

- Preciso que você morra. – ergueu o braço esquerdo em direção a cabeça do Aranha e atirou.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

A Rodoviária


CAPÍTULO UM
  Era noite, e como todas as noites de Janeiro, estava chovendo. Não havia muitas pessoas na plataforma de embarque da rodoviária de Santos, em São Paulo. Afinal de contas, quase ninguém pega o ônibus da meia noite. Apenas dez pessoas estavam em fila para colocar suas bagagens no compartimento. Elas não pareciam muito amistosas para qualquer tipo de conversa aleatória. O ônibus partia de Santos para o Rio de Janeiro. Normalmente, a viagem duraria cerca de sete horas ou menos, entretanto, com toda essa chuva as estradas estariam molhadas.  Com certeza, em sete horas eles não chegariam.
         Rafael estava sentado em um dos bancos que beiravam a plataforma de embarque. As pernas balançavam de forma nervosa, o suor descia em seu rosto chegando até sua barba. Rafael buscava por seus documentos dentro de sua pequena bolsa. Revirava tudo em busca da única coisa que o motorista pediria, além do passaporte. Seu RG. Embora estivesse frio em Santos, Rafael suava como nunca, e se não fosse por sua jaqueta de couro preta, daria para ver sua blusa branca totalmente encharcada de suor.
         Súbito, se lembrou que colocou o RG em seu bolso de trás da calça. Levantou, colocou a mão no bolso e lá estava, para seu alivio, o RG, juntamente ao passaporte. Pegou sua bolsa e desceu as escadas com pressa. Havia apenas um ônibus na plataforma de embarque, então não havia erro. Andou de maneira estranha até a plataforma número seis. E lá estava seu transporte. Um ônibus, não muito grande, e todo azul. Aquilo que o ajudaria a deixar sua antiga vida para trás.
         Formava uma fila ao redor do ônibus. O motorista estava apenas auxiliando as pessoas para colocar suas bolsas no porta-malas. Rafael não iria colocar sua bolsa ali, queria levar consigo dentro do ônibus. O que havia nela era importante demais para deixar fora de sua vista.
         - Gostaria de colocar aqui, senhor? – disse o motorista levando Rafael a sair de seu transe momentâneo.
         - O-O quê? – respondeu Rafael gaguejando. Era visível que estava muito nervoso.
         - Sua bolsa, senhor – apontou o homem calvo, que aparentava ter uns cinquenta anos – Gostaria de colocá-la no porta-malas?
         - Ah! É. Não. Obrigado – o nervosismo persistia.
         O motorista apenas sorriu. O homem baixo e calvo trajava um uniforme simples da empresa. Sua camisa social de manga curta era branca, e a calça, azul escuro. Parecia ser simpático, aquele tipo de vizinho que todo mundo gosta e confia. Mas, Rafael não confia mais em ninguém.
         - Então o senhor poderia me mostrar seus documentos e passaporte, por favor? – perguntou o homem levantando uma mão. Rafael colocou a mão no bolso e retirou o documento juntamente com o passaporte. Ao entregar, notou um pequeno crachá no peito esquerdo do motorista. Nilson Almeida. Esse era seu nome.
         - Obrigado – agradeceu Nilson. Analisou cada parte no passaporte. Rafael pensou que o homem procurava algum sinal de falsificação. Depois de alguns segundos, destacou metade do passaporte, puxou um pequeno carimbo vermelho de seu bolso e o apertou contra o mesmo. Devolveu para Rafael.
         - Aqui está seu documento e passaporte, senhor Anderson Pereira – sorriu novamente – Tenha uma boa viagem – Rafael retribuiu o sorriso, segurou os documentos com força e subiu os degraus do ônibus. O RG era falso, assim como muitas coisas na vida de dele.
         Ao entrar na segunda porta, Rafael sentiu o ar fresco que estava dentro do lugar. O cheiro de algo novo estava ali presente, como se abrisse a embalagem de um livro novo. Havia muitos anos que ele não sentia esse cheiro. Era hora de abandonar o passado e seguir em frente.
         Olhou o passaporte novamente para verificar o número de sua poltrona, e colocou de volta no bolso. Seis, pensou Rafael e seguiu em frente passando por várias poltronas vazias. Segurando sua bolsa com muito cuidado foi observando cada poltrona com cuidado. Passou por uma mulher loira. Ela estava grávida e falando muito alto no telefone. Aquilo o incomodou. Ao seu lado estava uma criança, loira também, que julgou ser filha da mulher. A criança pulava na poltrona e ria de forma divertida. Ele não gostava de crianças.
         Seguindo, passou por um casal de idosos que estavam dormindo. Rafael não reparou em suas roupas. Por fim, chegou a sua poltrona. O número estava brilhando “06-07”. A cor era verde esmeralda. O mais curioso é, que por mais que o número fosse um dos primeiros, a poltrona era a penúltima. Mas isso não o perturbou. Na verdade, ele preferia assim.
         Sentou e arrumou a coluna na poltrona. Ela doía muito, graças a algumas pancadas que recebeu. Rafael se sentiu relaxado. Ameaçou um sorriso, mas não o concluiu. Havia muitas coisas em sua cabeça para que sorrisse de forma gratuita. Olhou pela janela. Gotas de água caíam pelo vidro, como se competissem para ver quem chega primeiro no chão. Ouviu as pessoas entrando no ônibus, mas nem ao menos quis virar seu rosto para observá-las.
Alguém passou ao seu lado e sentou na poltrona de trás. Parecia ser uma mulher. Ao menos o perfume era. O motorista subiu e se posicionou lá na frente no meio das poltronas.
- Boa noite a todos – ouviu algumas pessoas lhe dando boa noite também, mas Rafael não respondeu – Gostaria de pedir que todos coloquem seus cintos de segurança. Ele é totalmente ajustável, para seu conforto. Não há saídas de emergência, então, se houver qualquer problema, se direcionem até a frente e me chamem. Também não há banheiro, então peço que esperem até a próxima parada, que será na rodoviária, Clube dos Seiscentos, na divisa entre São Paulo e Rio de Janeiro. Novamente, desejo uma boa viagem para todos – saiu e fechou a porta que dava para frente.
Minutos depois, o ônibus foi ligado e agora dava ré para então sair da rodoviária. Rafael agora sorria. O coração que antes estava angustiado e nervoso relaxou. Lágrimas desciam de seu rosto. Ele estava abandonando uma vida toda naquela cidade, se dirigindo para uma nova vida.

Entretanto, naquela mesma noite, Rafael conheceria o inferno.