Minha lista de blogs

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A História do Fim do Mundo - 4ª Parte

O sol aparecia no horizonte, pude ver seus raios através do vidro daquele carro. Parecia que havia durado minutos, entretanto não sabia onde estava ou o que estava fazendo dentro de um veículo. 
- O quê? - despertei perplexa com o sol batendo em meus olhos, o cabelo bagunçado e cheirando mal. - Onde estou? 
- Estamos em lugar nenhum dentro dos Estados Unidos, não conheço esse maldito país. - o homem que supostamente me salvara estava sentado com as mãos no volante. Suas pupilas estavam dilatadas, pudia ver olheiras escuras em seu rosto. Aparentava não dormir à muito tempo - Saímos da cidade do paraíso há um tempo. 
- Do que está falando - sibilei - Quanto tempo? 
- Dois dias pirralha - coçou a barba com a mão direita firmando a esquerda no volante.  
- Minha mãe... - comecei a sentir uma tristeza mais forte crescer dentro de mim. Não aguentei. Gritei com toda força - Onde ela está? 
- Dá para parar de gritar garota idiota? - de maneira grosseira, me respondera - Aquela lá já era, não tem mais jeito. - não tinha remoço em sua voz - Já não era mais sua mãe. Ela se tornou outra coisa, não tinha sanidade alguma, ia atacar você lembra?  
- Como pôde abandoná-la? - as lágrimas já desciam em curvas uniformes por meu rosto - Como pôde... - fraquejava e não podia mais conter a angústia 
- Desculpe garota, mas tudo aquilo que você viu lá no shopping devemos fugir. - era enfático em sua afirmação - Ou escapamos ou viramos comida de gente morta. 
Não pude aguentar toda aquela carga emocional, pedi para ficar no banco de trás deitada e ele consentiu. Coloquei o antebraço sobre meu rosto e chorei por muito tempo daquele longo dia. Ficamos em silêncio, ele dirigindo e eu chorando acompanhada de meus pensamentos imersos em trevas. Quando finalmente despertei de meus pensamentos percebi que havia cochilado e não sabia por quanto tempo.  
- Por quê? - tentei puxar assunto com o estranho - Por quê ela me atacou? O quê ela se tornou? o quê houve com todo mundo? - gostaria muito de entender todo o ocorrido. 
- Não sei - olhou pelo retrovisor de dentro do carro para mim - Mas todas aquelas pessoas que se transformaram "naquilo", foram atacadas por outras pessoas. Eu estava na loja esportivas Life&Sports quando presenciei uma mulher cair quando estava quase se aproximando de mim na fila. Logo corremos, eu e meu segurança para procurar médicos. Quando retornamos à loja presenciamos diversas pessoas correndo desesperadas, pois a mesma mulher que estava antes deitada no chão agora devorava outras pessoas. Segundos depois vimos aquelas mesmas pessoas levantarem e fazer o mesmo que ela fez. - fez uma pausa para um longo bocejo, era visível seu sono. - Meu segurança estava armado, então quando aquelas coisas vieram pra cima de nós ele disparou dezenas de vezes, nas pernas, braços, pescoço e até mesmo no coração. Entretanto, as criaturas continuaram vindo sem descanso. 
- E o quê você fez? - estava atônita com tal história. Era mesmo possível alguém sobreviver após levar tantos tiros? 
Após o pente de balas acabarem, corremos para longe das criaturas - os olhos do homem estavam com uma vermelhidão estranha - Mas não adiantou, elas pareciam correr mais do que nós, estavam nos alcançando. Então não tive outra escolha a não ser derrubar meu segurança como um sacrifício para eu viver. As criaturas pararam sobre eles e o devoraram em ritmo frenético, não pude nem olhar para trás, corri como nunca. 
- Uma atitude muito heroica da sua parte - disse com uma certa raiva por ter feito aquilo com o homem que o protegera.  
- Cala boca - disparou sem ao menos pensar. 
- Você disse que estava dando autógrafos? - perguntei curiosa. 
- Sim. 
-Quem é você? - já havia percebido seu sotaque estranho. 
- Sou Igor Kravinov, boxeador russo detentor do atual cinturão dos pesos meio-pesados da liga mundial de boxe. - havia um certo orgulho na sua voz - É estranho você não me conhecer, sou muito famoso nesse país de merda. 
- Não gosto de boxe - respondi de maneira arrogante. - Onde estamos indo? 
- Não sei, mas precisamos encontrar um posto de gasolina. Agora fique quieta, estou me arrependendo de tê-la salvo - mexia no rádio procurando uma estação, mas só encontrava estática. Passado alguns minutos conseguiu encontrar uma voz masculina no rádio. 
- Todos aqueles que ainda vivem, se direcionem para o forte de Washington, estamos armando uma resistência contra os mortos. - e repetiu por mais três vezes. 
- Garota - Igor disse - Encontramos nosso rumo. 
  

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A História do Fim do Mundo - 3ª Parte

Nunca me esquecerei daquela cena, mesmo após tantos anos é uma memória que está bem viva em meus mais terríveis pesadelos. 
- Mãe? - buscava palavras dentro de mim, mas acabei dizendo coisas sem sentindo por devaneios de minha idade - O que aconteceu? Por quê está ferida? Vamos para casa por favor, eu não quero mais brincar de madrugada dos mortos.  As palavras saíam de maneira estranha, como choro e grito juntos em um único objetivo desesperado. Estava estupefata, minha mãe se tornara um deles? O que eles eram? O terror era inominável. 
Ela nada dizia, se aproximava de mim as tropeços como um animal manco e ferido busca seu alimento para sobreviver às duras regras da cadeia alimentar. A íris de seus olhos estavam cinzentas, mórbidas, e ao redor de seus olhos um vermelho tão profundo quanto as pessoas que vira em um documentado sobre substâncias ilícitas. Suas veias estavam grossas e pretas, como se passasse por uma transformação de ser humano para algo não explicável pela confusa ciência. 
As roupas eram nada mais do trapos. Dezenas de rasgos eram mostrados em sua roupa, era possível ver os cortes no corpo mediante às inúmeras marcas de sangue. Os seios estavam amostra, o pescoço estava em carne viva como se vários animais tivessem  arrancado um pedacinho. Era uma visão infernal para uma criança de 10 anos. 
- Mãe, me ouça por favor - não aguentava mais ver aquilo, desesperada gritava cada vez mais alto atraindo a atenção dos outros seres mais próximos. Lágrimas escorriam de meu rosto como um líquido que cai do copo.  Agora outras diabruras se erguiam de seu descanso, outras já estavam em pé como em um transe infinito. Eram grotescas em suas aparências vis. Vinham com velocidade, outros se arrastavam e o perigo misturado com adrenalina corria dentro de mim.  
- Rápido mãe, vamos correr - mas nada, ela continuava vindo em minha direção com olhos famintos. 
Não aguentando mais esperá-la saí em velocidade até seu encontro, uma atitude infantil e insana. Segurei seu pulso com força e puxei para voltar na mesma direção inversa onde não haviam eles por perto. Tinha planejado sair pela entrada onde tínhamos chegado, mas não sabia com exatidão como estava e se haviam os mesmos seres lá também. Mas era um plano furado e que nunca deu certo.  
- O que está fazendo mãe? - mesmo com toda aquela aparência grotesca não acreditava que estava morta - Precisamos correr, agora...  - Não pude ao menos terminar de responder. Ela se soltara de minha mão pequena e frágil, golpeara me com o antebraço com tamanha força que caí no chão com força. Senti o gosto de sangue fluir em minha boca, meu cotovelo estava machucado. Eram o fim para mim. 
Ela subira em cima de mim e tentava agora me abocanhar com seus dentes rachados e sangrentos. Tentava afastá-la com meus braços, mas não tinha força suficiente para tirá-la de cima.  Babava e grunhia alto, tentava me arranhar e quase conseguiu, mas não foi eficiente. Não conseguira tocar a unha em meus braços 
- P-por favor mãe, não me machuque - minha infantilidade me mostrava que não conseguiria sair daquela situação. Não havia outro jeito além de se entregar. No mesmo instante fechei meus olhos e aos poucos fui perdendo a força.  
Crack.  Um barulho de ossos quebrando me fez despertar do transe mortal. Minha mãe havia sido arremessada para longe com um chute poderoso na mandíbula, jogando-a para longe de nós. Um homem que agora projetava por cima de mim para me levantar.  - Está louca menina? - disse em um rugido feroz - Quer morrer?  
Trajava um moletom azul esportivo, com listras laranjas nos braços e na calça. Sua cabeça era desprovida de cabelos, mas seu rosto tinha tanta barba que quase era impossível de ver sua boca. Não demorou muito para dois monstros aparecerem correndo ao seu redor, gritei com medo mas não precisava. Se tem uma coisa que não entendo são movimentos corporais marciais, mas tentarei descrever da forma mais compreensível o ocorrido.  
Rodou sua cintura estendendo a perna direita em um chute veloz na cabeça do primeiro monstro que se insurgia pela direita. Mais um barulho pode se ouvir, desta vez no pescoço da criatura que desatou ao chão com força não se levantando mais. O outro veio pela esquerda com urros e gritos de um urso das montanhas, entretanto aquilo não o intimidou. Ajeitou os punhos na altura do ombro, girou a cintura para dentro estendendo o braço direito para um soco com toda a força de seu tronco aplicado no nariz do monstro que estourou no mesmo momento. A fera foi jogada para trás mas ainda não estava morta. Em seu último ataque, o homem do moletom azul disferiu uma pisada na cabeça da criatura que parou de se mover na hora. Aos olhos de uma criança era uma carnificina fantástica. 
- Vamos embora daqui garota, esse lugar está infestado de outros - disse o homem que se aproximara de mim em uma velocidade incrível. Despertando daquele calor do momento pude responder.  
- Mas e minha mãe?  
- Sua mãe é aquela outra que chutei a cara? Foi um belo chute não acha- respondeu me com desdém e sarcasmo. 
- Não ouse falar ass... - gritei. 
- Cala essa boca - vociferou - Desculpe por salvar sua vida garota. - novamente o sarcasmo. Mais deles se aproximavam e ouvíamos ao longe seus berros.  
- Por favor me ajude a tira-la daqui, Não podemos abandoná-la  - implorei, mas sem sucesso. 
- Já à abandonamos garota - nesse exato momento o homem desferira um golpe em minha cabeça. Colocou-me sobre os ombros. Estava zonza demais para me debater além de estar prestes à desmaiar. Pude ouvir falar as últimas palavras . 
- Precisamos correr, estão vindo.